segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Que diz a Bíblia sobre falar em línguas?

Vez ou outra acesso site e/ou blog em outros idiomas. No presente caso cujo título foi traduzido ao pé da letra é em espanhol. Gosto de saber o que crentes em outras terras pensam sobre a temática. Colocarei as ideias do articulista de maneira fidedigna. Os textos bíblicos citados serão mantidos. Depois tecerei comentários sobre o artigo sucinto desejando lançar luz e desfazer equívocos. Neste caso darei atenção mais as referências escriturísticas. 

O articulista fala que o dom de línguas é dom espiritual, mas que buscará o seu significado. Afirma que o dom de línguas consiste numa fala em que a pessoa mesma não sabe, sendo desconhecida, visando tanto a edificação própria quanto da igreja. 

Assevera que o próprio Cristo tinha dito que as pessoas falariam em novas línguas (Marcos 16.17). E informa que os apóstolos, por exemplo, pregaram o evangelho em línguas e foram entendidas por pessoas de diversas nações (Atos 2.1-12). 

Adiante, menciona o ensino paulino (1 Coríntios 12-14) sobre línguas no qual se refere como línguas que as pessoas não entendem, desconhecidas portanto. Estas seriam para o benefício pessoal e, quando interpretadas edificariam a igreja toda. 

O que diz a Bíblia sobre o dom de falar em línguas? Segundo o autor grande parte do ensino encontra-se na carta de Corinto. Ele suspeita que muitos receberam o dom espiritual em questão, porém, não estavam usando corretamente na reunião cúltica. Alega que Paulo quis orientar os crentes no propósito divino (1 Coríntios 12.1-4). Mostrando que o dom de línguas é um entre vários que é concedido para a edificação do corpo de Cristo. 

Falando em línguas para a edificação é outro tópico do autor. Diz que a fala em línguas por si só beneficia a pessoa. Neste caso, o indivíduo é edificado. Seriam coisas colocadas no espírito humano que não poderiam ser colocadas em palavras. Esclarece que a melhor maneira da igreja receber a edificação é através da profecia. Todavia, a fala em línguas na igreja pode ser benefício para todos os membros se for interpretada para ser compreendida.Quando usado dessa maneira, o dom de línguas deve ser usado para enfatizar a mensagem espiritual, e não apenas porque você se sente fortemente emocional. Desta forma, outros além daquele que fala em línguas serão edificados.

Aborda ainda que o dom de línguas é um sinal para os incrédulos. Haveria outro motivo pelo qual o dom de línguas é dado (1 Coríntios 14.21-22). Dessa forma, poderia beneficiar aqueles que assistem o culto, porém, não confessaram Jesus como Salvador.

Por último indaga: quem recebe esse dom espiritual? Evoca 1 Coríntios 12.28-3 para afirmar que nem todos recebem o referido dom. Assim, conclui que só alguns recebem o dom de línguas. Afirma que o dom de línguas não tem, necessariamente, nada a ver com maturidade espiritual. Não obstante, quando se utiliza apropriadamente o dom pode ser usado para benefício próprio ou ainda para a edificação da igreja.

Até aqui, traduzi e fiz ligeira adaptação, sem prejuízo para o texto aludido, visto que não seria leviano. Agora, sim, meus apontamentos:

O articulista classificou como dom de línguas na forma de linguagem desconhecida. Eis um erro grosseiro. Explico: as novas línguas conforme o evangelho de Marcos não consiste em línguas ininteligíveis, porém, inteligíveis. Seriam línguas "desconhecidas" para os falantes, mas conhecidas por pessoas de respectivos grupos étnicos. Marcos não diz que seriam línguas que ninguém entendem, incompreensíveis.

Atos 2 foi aludido como línguas desconhecidas no sentido de incompreensíveis. Sendo que o texto sacro mostra que os discípulos foram capacitados pelo Espírito Santo a falarem, não numa língua desconhecida, mas em línguas conhecidas. As línguas em Atos foram, sem dúvida, idiomas humanos. E, as pessoas das nacionalidades ali representadas só compreenderam porque verdadeiramente línguas estrangeiras foram faladas pela atuação do Espírito Santo. Algo miraculoso, portanto.

No tocante as línguas descritas em Corinto há inúmeras discussões hodiernas, porém, não vou me prender a esses debates intermináveis. Entretanto, fica claro principalmente quando analisa-se a língua grega -usada na composição do Novo Testamento, que ao descrever variedade de línguas o apóstolo Paulo refere-se a várias línguas étnicas. Não está na mente do apóstolo língua desconhecida, isto é, incompressível.

Quando o apóstolo coloca a lista dos dons espirituais frisa que a concessão é para proveito comum. Não é a toa que o dom visa a edificação da igreja. Ao dizer que o que fala em língua edifica a si mesmo, soa-me como uma ironia, visto que denota egoísmo.

Ao mencionar línguas desconhecidas como sinal para os incrédulos, comete outra derrapagem na interpretação textual, pois o apóstolo cita Isaías 28.11 que versa sobre línguas estrangeiras. Logo, a associação com língua desconhecida é improcedente. Apesar disto, línguas inteligíveis, ou seja, conhecidas, de fato, é sinal para os descrentes.

Variedade de línguas não é concedido a todos os crentes, pois nem todos recebem tal dádiva, ainda assim, sempre será na forma de línguas conhecidas.

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