quinta-feira, 6 de outubro de 2022

A doutrina do batismo no Espírito Santo

Ao contrário do que alguns pensam o batismo no Espírito Santo como subsequente à conversão não foi crido e ensinado no decorrer dos séculos. Trata-se de um ensino propalado no início do século 20, nos Estados Unidos. A afirmação de que o tal ensino sempre esteve presente, com a evidência de línguas estranhas, carece de fundamentação histórica. 

Ademais, nos séculos anteriores acreditou-se que o dom de línguas consistia na capacidade dada pelo Espírito Santo ao crente para falar em línguas estrangeiras. Só no começo do movimento chamado pentecostal que introduziu a ideia de línguas estranhas ser a evidência do batismo no Espírito Santo. 

De qualquer forma, o batismo no Espírito Santo como obra posterior a regeneração ficou popularizado como "segunda benção". Embora, muitos se referissem a "revestimento de poder", entre outras expressões. 

Muitos textos são usados, indevidamente, para tentar sustentar o ensino de que se deva buscar o batismo no Espírito Santo após a conversão, porém analisando as passagens não se obtém o mesmo entendimento apregoado hodiernamente. Por exemplo, em Marcos 16.17 diz o texto que seriam faladas novas línguas. Apressadamente, e à luz dos acontecimentos recentes, deduziram que se referiam a línguas estranhas. Contudo, numa leitura a partir do texto em grego verifica-se que o autor não tinha isso em mente. Outro, Atos 2.4, as línguas que foram concedidas que falassem foram indubitáveis idiomas humanos. Não tendo nada a ver com as línguas estranhas contemporâneas.

A profecia de Joel 2,28,29 é evocada muitas vezes por pessoas querendo sustentar essa doutrina nova, quando se compara aos mais de dois mil anos de história do cristianismo, mas trata-se do derramamento do Espírito Santo a toda a carne, aludindo a todas as pessoas; não algumas pessoas. 

João, o Batista disse que Jesus batizaria no Espírito Santo (Mateus 3.11). Esta profecia cumpriu-se cerca de três anos depois no dia de Pentecostes. A cena descrita é de Jesus sendo o batizador, mergulhando o candidato no Espírito Santo. 

Lucas, enfatiza o poder ao receber o Espírito Santo. As pessoas receberiam o Espírito Santo como consequência receberiam poder do alto para ser testemunhas de Jesus (Lucas 24.49). O Espírito Santo habitando no discípulo transferiria o poder espiritual (Atos dos Apóstolos 1.8). Este é resultante da presença de Deus no crente. É bom atentar para João que disse que o Espírito Santo só viria após Jesus ser glorificado (João 7.38,39).  

Voltando para o texto clássico, Atos 2.1-4, observe que os discípulos eram todos judeus. Já seguiam a Jesus, porém, receberiam o Espírito Santo justamente naquele dia memorável - na festividade de Pentecostes. Aqueles discípulos viveram debaixo da antiga e da nova aliança. Aprouve a Deus que todos recebessem o Espírito Santo. Nenhum discípulo ficou sem o dom do Espírito. Todos foram batizados no Espírito Santo (Atos 1.5), simultaneamente cheios do mesmo [Espírito]. Este concedeu a capacidade de falarem em várias línguas, línguas conhecidas. Houve fenômenos audíveis e visíveis no dia de Pentecostes quando todos os crente receberam o Espírito Santo. 

Nós não precisamos se dirigir a cidade de Jerusalém, muito menos ficar aguardando o batismo no Espírito Santo, pois segundo as palavras de Pedro (Atos 2.37-39) as duas condições para receber, graciosamente, o dom do Espírito Santo é arrependimento e em Jesus, justamente as mesmas condições da salvação. Não é preciso esperar, buscar, mas tão somente receber o próprio Espírito Santo na ocasião da conversão. Este é o ensino petrino, paulino, enfim, o ensino apostólico.

Todos que vão se convertendo são virtualmente batizados no Espírito Santo, são imersos no Espírito, introduzidos assim no corpo de Cristo, isto é, a igreja. É a promessa destinada a todos, indistintamente. 

Existem conceitos errôneos sobre o batismo no Espírito Santo pautados nas experiências humanas, vejamos alguns: a ideia de que deve buscar o batismo espiritual. inexiste mandamento nesse sentido. A ordem bíblica é buscar a plenitude do Espírito (Efésios 5.18), porém, não pode ser confundido com o batismo no Espírito. Podendo acontecer ao mesmo tempo. Ainda assim, distintas. Outra ideia é que só pessoas tidas como "consagradas" recebem o batismo no Espírito. Ora, na igreja em Corinto muitos eram carnais, imaturos, entre outras coisas, mas todos tinham sido imersos no Espírito Santo (1 Coríntios 12.13). Logo, não tem ligação necessariamente com santidade. 

Como foi asseverado, todos os crentes são batizados no Espírito Santo quando entregam suas vidas a Jesus recebendo-o como único e suficiente Salvador. É no ato de conversão que o Espírito Santo é concedido ao crente que vive debaixo da nova aliança. Este é o Espírito Santo da promessa. Prometido a todos os que vão sendo salvos pela graça mediante a fé em Jesus. 

Como foi mostrado alguns textos são distorcidos, induzindo os crentes a erros. Erros que podem ser evitados através de ensino sério e sistemático. Daí a importância de fazer leitura cuidadosa e estudo criterioso. 

Atos 2.39 alude a universalidade da promessa do batismo no Espírito que equivale ao dom do Espírito Santo destinado a todos que vão ser salvos. Destarte, todos os salvos são imersos no Espírito Santo na ocasião da conversão. 

Entre os fenômenos que fizeram presentes no dia de Pentecostes nenhum deles se verificam nos grupos que desejam reproduzir o mover divino com inúmeros expediente humanos. Alegam que se baseiam no evento histórico de Pentecostes, porém, sequer as línguas são as mesmas. Terminantemente, no dia de Pentecostes não foram faladas línguas estranhas. Por isso, usar o texto de Atos 2.4 como pretexto para falar línguas desconhecidas é estranho ao texto, bem como uma deturpação do verdadeiro dom de línguas conforme descrito por Lucas.

Trago à memória que as línguas citadas por Marcos referiam-se a línguas conhecidas, conforme se deu no dia de Pentecostes. Então, querer pautar nesses textos e, apresentar outro fenômeno diferente é absurdo. Realmente, inconcebível. Alguém poderia indagar a respeito das línguas de 1 Coríntios 14. Sendo que é outro caso, não discutido aqui por questão de tempo, mas se os grupos atuais tem como modelo Atos dos Apóstolos o mínimo é apresentar o mesmo tipo de fenômeno, o que não ocorre. A questão é: apoiar-se em Atos para promover ensino de que línguas estranhas é a evidência inicial do batismo no Espírito Santo sabedor que lá no Pentecostes ocorreu línguas conhecidas é o fim da picada. 

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